Mooca: entre a MODERNIDADE URBANA e a PRESERVAÇÃO HISTÓRICA
Ao caminharmos pelas ruas do bairro da Mooca, localizado na Zona Leste da cidade de São Paulo, é comum visualizarmos um cenário de contraste de construções com arquitetura antiga, marcadas por tijolos aparentes e amplos galpões, com prédios altos e atuais. Entre as Rua Taquari e Rua Javari, um clássico exemplo: o imponente prédio monumental do Cotonifício Crespi (indústria têxtil até 1963, atual sede do Assaí Atacadão), rodeado por prédios residenciais modernos. O motivo para esse contraste arquitetônico é resultado do desenvolvimento urbano do bairro ao

longo dos anos, que possui muitos edifícios históricos, enquanto também incorpora novas construções. Isso reflete a rica história industrial que a Mooca teve em seu passado e sua transição para um bairro residencial e comercial, com consequente verticalização do bairro. O bairro foi porta de entrada de imigrantes no século passado, trazendo consigo um forte patrimônio histórico da cidade. Porém, a preservação histórica do patrimônio arquitetônico do bairro se torna um desafio diante da pressão por mais espaços residenciais e comerciais, demandando esforços coordenados de órgãos públicos, moradores e entidades locais para garantir a salvaguarda do legado histórico e cultural da Mooca.

A preservação do próprio Cotonifício Crespi é controversa. O prédio ficou abandonado no período de 1963 até 2003, quando uma rede de supermercado alugou o edifício. Porém, seu projeto de “restauro” inicial previa a demolição do prédio, fato que só foi impedido pela movimentação da Associação dos Moradores e Amigos da Mooca - Amo a Mooca.
Em 2016, após indicação da população, a Prefeitura publicou no Diário Oficial do Município a homologação que tombou o edifício como patrimônio definitivo pela Resolução Nº 06 / CONPRESP / 2016. No entanto, o tombamento prevê a preservação de características originais apenas da fachada, o que consideramos uma proteção inferior ao ideal esperado para um patrimônio tão carregado de história da cidade de São Paulo.
A construção Antiga Fábrica da Antártica, uma das mais antigas da Mooca, também teve seu tombamento oficializado em 2016, que determinou a preservação integral da Chaminé e elementos externos de seis edificações. Em 2020, o Grupo Prevent Senior anunciou que adquiriu o imóvel no intuito de investir 200 milhões de reais na construção de um espaço dirigido para a terceira idade, abrigando áreas de lazer e saúde para esse público.

No entanto, a pandemia do COVID 19 atrasou o projeto que segue sem avanço, permanecendo abandonado. Esse novo uso do espaço ajudaria a preservá-lo e atenderia um público presente em grande massa na Mooca – a terceira idade. A ideia animou não apenas os idosos, mas também as gerações mais jovens da Mooca, que como característica de moquenses orgulhosos natos, sonham em envelhecer no bairro com qualidade de vida. Torcemos para que não vire um projeto engavetado, além do mais, a população estava animada e confiante com a possibilidade desse espaço.

De tanta história que o bairro carrega, os exemplos de edifícios históricos da Mooca são vastos: O Conjunto de Galpões e Armazéns, utilizado atualmente como armazém, os Grandes Moinhos Minetti Gamba, com projeto de abrigar a Faculdade das Américas e o Museu da Imigração, antiga Hospedaria de Imigrantes do Brás, são exemplos que construções podem - e devem - serem aproveitadas para demandas atuais. Porém, os projetos devem trazer consigo a responsabilidade de proteção cultural do local, expandindo seu valor histórico e se comprometendo com a restauração que mantenha as características originais.
A construção Antiga Fábrica da Antártica, uma das mais antigas da Mooca, também teve seu tombamento oficializado em 2016, que determinou a preservação integral da Chaminé e elementos externos de seis edificações. Em 2020, o Grupo Prevent Senior anunciou que adquiriu o imóvel no intuito de investir 200 milhões de reais na construção de um espaço dirigido para a terceira idade, abrigando áreas de lazer e saúde para esse público.
No entanto, a pandemia do COVID 19 atrasou o projeto que segue sem avanço, permanecendo abandonado. Esse novo uso do espaço ajudaria a preservá-lo e atenderia um público presente em grande massa na Mooca – a terceira idade. A ideia animou todas as gerações da Mooca, que como característica de moquenses orgulhosos natos, sonham em envelhecer no bairro com qualidade de vida. Torcemos para que não vire um projeto engavetado, além do mais, a população estava animada e confiante com a possibilidade desse espaço.

Um grande desafio em investimentos na preservação do patrimônio histórico da Mooca é a crescente pressão do interesse imobiliário. Trata-se de uma região valorizada e muitas vezes é difícil competir interesses de preservação com os de grandes empreendimentos imobiliários. Ressignificar espaços históricos de forma responsável é uma alternativa de incorporá-los na rotina de moradores e visitantes do bairro, dando visibilidade à importância da vigilância da própria população em sua preservação. Projetos que visem o seu uso como público e coletivo e que evidenciem seu valor cultural-histórico são excelentes alternativas para maior envolvimento da população na sua inserção urbana, consequentemente, maior preocupação com o patrimônio. Vemos essa possibilidade inclusive em conciliação com interesses imobiliários: a coexistência com elementos culturais valorizados e utilizados pela população valoriza ainda mais o valor de novas construções.
Esse contexto insere a Mooca na contribuição com a temática da ODS 11 - Cidades e Comunidades Sustentáveis, com grande ênfase na Meta 11.4: Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo.

Apesar dos desafios enfrentados, como a pressão por espaços residenciais e comerciais e o conflito com interesses imobiliários, a Mooca tem envolvidos na tentativa de resguardar suas raízes – como exemplo, a Associação de Moradores da Mooca. A mobilização da comunidade e a atenção às demandas atuais são exemplos de como o bairro pode evoluir sem perder sua identidade.
Vemos também um grande potencial de envolver a população e profissionais nas decisões que contribuam para que esses espaços se tornem espaços públicos, seguros e inclusivos. Incentivamos que a população esteja alerta a esse tema e use as redes sociais para visibilidade e troca com a comunidade sobre essas questões. Projetos criativos e criativos podem não apenas preservá-los, mas contribuir com uma comunidade sustentável.
Por fim, a Mooca representa um exemplo vívido de como a história e a modernidade podem coexistir e enriquecer uma comunidade. A chave para esse sucesso será a colaboração contínua entre a comunidade, órgãos públicos e interesses privados, para garantir que o desenvolvimento futuro da Mooca seja feito de uma maneira que honre seu passado e abrace seu futuro. Convidamos todos a se engajarem ativamente nesse processo, trazendo suas vozes e perspectivas à mesa, incluindo debates em redes sociais, para que a Mooca possa ser, um dia, um exemplo de sustentabilidade, inclusão e preservação histórica.